quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Hans Küng e a Nova Ordem Mundial

“No Parlamento das Religiões do Mundo, em 1993, Hans Küng, a quem a Santa Sé proibiu o ensino da teologia católica, apresentou o projeto da Ética Planetária com o prévio aval da UNESCO, do Fórum Econômico Mundial de Davos e do World Wide Fund for Nature (WWF). A primeira edição da nova ética de Küng foi prefaciada pelo príncipe Philip de Edimburgo, na época presidente da WWF. Hans Küng tornou-se assim uma das cabeças visíveis do processo para impor esta nova ética cósmica, enunciada no estilo da maçonaria, composta de uma mistura de gnose, expressões de bons desejos e da vaga e alienante espiritualidade new age. A Ética Planetária é uma boa resposta ao projeto da UNESCO de ética universal de valores relativos. O próprio Küng a define como “uma síntese de superação de todas as religiões do mundo”.
O projeto de Küng foi aprovado pelo Parlamento das Religiões como “um consenso mínimo sobre os valores fundamentais de caráter vinculante, de normas irrevogáveis e de atitudes morais fundamentais”.
O conteúdo da Ética Planetária está cheio de ambigüidades, e nele se acentuam palavras que os próprios autores se encarregaram de esvaziar de conteúdo, de modo que cada indivíduo possa interpretá-las à sua maneira, segundo sua tradição cultural ou de acordo com seus interesses. É um legado contra o “fanatismo e a intolerância, em favor da tolerância universal”, que não se realiza em nenhum princípio, porque, de acordo com o próprio Küng, os princípios devem ser elaborados em um consenso posterior pouco ou nada tendo de padrão irrevogável.
Tal como a Carta da Terra, este projeto ignora a existência de Deus e, naturalmente, sua transcendência em relação à criação. Nem mesmo a existência da alma humana como uma entidade separada fica clara. Como resultado, exclui a existência da verdade absoluta, impondo à humanidade um processo sem fim de busca de consensos sobre princípios morais que permanecerão até que aqueles perdurem para, em seguida, em virtude de novos consensos, serem mudados, substituídos. Como é facilmente dedutível, neste processo sem fim está incluído o consenso sobre a vida e a morte, relativizando o valor e o respeito pela vida humana desde a concepção até a morte natural.
As atitudes morais fundamentais são reduzidas a palavras sem significado claro: paz, justiça, eqüidade, dignidade, compaixão, tolerância, solidariedade, diálogo, respeito à pluralidade e outras, as quais são ambíguas em si mesmas, como o termo crentes, que abrange todos os seres humanos que acreditam em algo ou alguém, o que, na linguagem da ética global, equivaleria a uma espécie de sincretismo universal.
No primeiro capítulo, Küng diz: “Estes princípios são baseados na suposição de que a Nova Ordem Mundial não pode sobreviver sem uma ética global”. Ou seja, sem alguns princípios éticos novos a serviço do projeto político de dominação. É a religião a serviço do poder. Os elogios do presidente do Diretório do Fundo Monetário Internacional em relação a Küng o confirmam.
Aparentemente, a Ética Planetária encontra um público favorável no mundo das finanças internacionais e a Carta da Terra no campo internacional socialista. Mas esta é apenas uma impressão, pois os nomes de Hans Küng e Leonardo Boff e outros aparecem nas mesmas redes e nos mesmos fóruns. Na verdade, ambos os projetos têm as mesmas intenções: a subversão da ordem natural e a destruição das raízes cristãs da cultura através do relativismo moral e do igualitarismo religioso. É o homem que constrói o seu código ético em guerra aberta contra Deus – o antigo projeto das lojas maçônicas.
A Carta da Terra e a Ética Planetária não são projetos que concorram entre si; são, na verdade, alternativos ou complementares. Têm o mesmo objetivo: a demolição da Igreja Católica e a construção de outra igreja, uma caricatura a serviço da nova ordem mundial.
(Juan Claudio Sanahuja, Poder Global e Religião Universal)

Tradução de Lyège Carvalho