segunda-feira, 15 de agosto de 2016

De traições recentes e assuntos correlatos


Fico pensando na suprema ironia de Deus no caso do padre francês degolado na própria igreja por terrorista de Mafoma. Ele era militante do ecumenismo, este travestimento da fraternité maçônica para consumo cristão, e fazia de tudo para 'dialogar' com o Islamismo indialogável, chegando ao extremo de doar terreno de sua própria paróquia, destinado ao culto do único Deus verdadeiro, do Deus vivo, católico (por mais que não queira aceitá-lo como tal Seu irresponsável vigário na terra), para que os seguidores da “religião da paz” pudessem adorar seu falso deus lunar.
Também penso se, ouvindo a feroz diatribe final de seu executor pouco antes de morrer, esse padre finalmente não terá percebido o erro de suas ações inutilmente apaziguadoras, se não terá então entendido, ainda que tardiamente, que seu caminho ajudou a fomentar a violência futura contra suas ovelhas, desguarnecidas e prontas para o abate diante das legiões de “refugiados” com sede de sangue cristão, pelo qual Nosso Senhor deu o Seu na cruz. Se arrependeu-se e pediu o perdão de Deus nesses momentosos minutos finais, terá porventura salvado sua alma, mas não a vida dos confiados a seu cuidado por Cristo, que deverão pagar caro pela veleidade de seus atos ecumênicos.
O Cristianismo não pode continuar sendo entendido por seus descatequizados sacerdotes como uma capitulação contínua diante do mal em nome de uma tolerância que não é sequer uma virtude. Não se tolera o intolerável, o que veio para destruir o homem e toda sua esperança de salvação, tanto seu corpo como sua alma. E não é martírio, como bem expôs o Prof. Carlos Nougué, "entregar sua religião, suas igrejas, seu país, sua família, seus filhos a falsas religiões e à morte que estas promovam. E, com efeito, é longuíssima a distância entre martírio e recusa a lutar pela VERDADEIRA fé. Negar isto é negar a cristandade, é negar as cruzadas, é negar Lepanto – é cuspir na santa história de nossa Igreja."
Há uma ingenuidade suicida e nefasta mas infelizmente muito difundida que acredita que ações de desprendimento material serão entendidas como evidência da superioridade do Cristianismo por aqueles que não comungam de nossos valores e que os levariam à conversão ou no mínimo ao apaziguamento, mas, para os muçulmanos a quem são dirigidas, tais ações são entendidas como capitulações e demonstrações de fraqueza moral. Isso porque não há entendimento possível se o outro não acredita na regra de ouro ("cada um deve tratar os outros como gostaria que fosse ele próprio tratado"). Para o Islã, o próximo é muçulmano, jamais um infiel.
O Ocidente encontra-se idiotizado e infantilizado. Suas crianças recebem com flores e presentes seus próprios verdugos futuros. A mensagem que bombardeiam sobre as populações robotizadas e dessensibilizadas diuturnamente é que a civilização e sua defesa não têm valor; só tem valor parecer diante dos outros uma pessoa acolhedora e livre de preconceitos, que não ama sua pátria mas a humanidade inteira, que pouco ou nada faz por seus colegas e parentes mas ama o homem racionalizado, abstrato e pelagiano da Revolução. Os assassinos contudo não estão preocupados com tal imagem; ela é puramente para consumo interno e usada estrategicamente para silenciar e manietar os nativos, para minar-lhes qualquer reação organizada, rotulando-a com os adjetivos mais infames, para que se envergonhem de qualquer tentativa de sobrevivência.
É preciso, portanto, se o europeu ainda deseja sobreviver e manter seu estilo de vida e segurança em seus próprios países, que não mais caia nesse jogo de humilhar-se pelos epítetos com que o chamam seus inimigos; que aja conforme a lei natural e sua consciência cristã, o que dela ainda resta em seu espírito; que organize-se para defender sua pátria, seus valores e o Ocidente sem temor de estar agindo errado ou de parecer radical ou fanático, pois contra a legítima defesa não há sofismas que a desacreditem.
No entanto, se não deseja mais sobreviver o europeu e entregou-se moralmente, pois não tem mais por que viver, já que não tem nada por que morrer, então basta fingir que tudo continua como antes e que seu país não foi invadido com intenção de conquista, que apesar de algum contratempo pela perda do direito de ir e vir ainda pode tocar o restante de vida que lhe cabe viver com uma certa normalidade pendente basicamente de pura sorte; basta esquecer seu passado e seus valores e esperar que o matem por último, quando ao invés de sinos estiverem ecoando pelos céus os chamados dos imãs à oração nas mesquitas construídas com seu próprio dinheiro.
Talvez enfim os islâmicos estejam certos em sua percepção e os ocidentais desejem realmente capitular e fazer com que sua civilização desapareça. O desejo pode não ser consciente e vir com mil e uma justificativas forjadas com distorções de virtudes cristãs e malabarismos verbais; mas continua lá, fundo na alma, inquieto e impulsionando sempre à subjugação, girando vigorosamente ao redor de um complexo de culpa indevido, odiando tudo que se refere a seu modo de vida, nada vendo de positivo em suas instituições, em suas artes e ciências.
A pior perversão, o fundo do poço do desastre civilizacional é a distorção e contaminação da liturgia de sua religião fundadora, pois a partir dela irradia-se todo o câncer cultural. Penso no que ocorreu recentemente em Trastevere, na Itália. Quando você coloca versos do Alcorão na missa, isso significa que você já perdeu de vez a fé e as relações com outras religiões são mais importantes para você do que a verdade e a beleza da liturgia. A traição é mais ignóbil ainda, quando se sabe que a religião favorecida é responsável pelo assassinato de inocentes de nossa própria fé ao redor do mundo, em razão do odio fidei. Isso apenas confirma ser preciso extirpar o ecumenismo de nossa religião corrompida pelo liberalismo, mas arrancá-lo com força e junto com todos os outros principais erros, como a liberdade religiosa e a colegialidade; não deve ser deixada pedra sobre pedra, nem ramo na árvore de onde brotem outros erros futuros. Infelizmente, para isso acontecer não é mais possível confiar somente na ação humana; seria impossível sanar a religião corrompida usando-se apenas de meios naturais; nem mesmo a guerra mundial traria de volta o Ocidente a suas raízes metafísicas, mas muito provavelmente aceleraria o aparecimento do Anticristo.
O suicídio civilizacional que talvez deseje o europeu pode contudo não estar nos planos de Deus. Pode ser que surja nos próximos anos o defensor da Cristandade que restaure todas as coisas em Cristo e sob cuja influência povos inteiros se convertam e tenhamos um último e maior triunfo da Santa Igreja, como profetizado por inúmeros santos ao longo dos séculos. Mas pode também ser que a destruição da Europa seja a condição para o aparecimento do Anticristo, e Nosso Senhor não mais se importe, depois de ser tão traído e esquecido, em entregar a civilização que escolheu para a mais próxima possível realização de Seu Reino na terra a seus piores inimigos. Tudo, como sempre, depende daquilo que Cristo escolheu para a salvação do maior número possível. Isso no entanto não nos impede de pedir pela Europa, por toda sua tradição cristã que tanta maravilha deu e continuaria a dar ao mundo em todas as esferas de atividade humana. Eu de minha parte estarei rezando para que a Europa não se perca de vez e que retome seu caminho cristão, que volte para seu Criador, como filha pródiga, após tanta desgraça criada pela tentação e farra do non serviam tornada projeto de anticivilização.