terça-feira, 25 de julho de 2017

Para que lado é o "Ocidente"?


"Do Establishment, uma notícia de última hora. A maior ameaça de nossos dias, escreve Andrew Michta, decano da Faculdade de Estudos Internacionais e de Segurança no Centro Europeu George C. Marshall para Estudos sobre Segurança, é a "auto-induzida desconstrução do Ocidente".
Em coluna complementar intitulada "A Crise da Civilização Ocidental", David Brooks, do New York Times, identifica assim o impulso pela autodestruição: "Começando várias décadas atrás, muitas pessoas, especialmente nas universidades, perderam fé na narrativa da civilização ocidental. Elas pararam de ensiná-la, e a grande correia de transmissão cultural se partiu."
O que imediatamente impressiona nestas observações é a implicação de que este colapso generalizado e dentro do "Ocidente" ou sua "narrativa" foram algo espontâneo.
Brooks escreve: "São surpreendentes os efeitos de longo alcance que isso produziu. É como se um vento predominante, que impulsionasse todos os navios no mar, tivesse subitamente parado de soprar."
Seria certamente impressionante se o que ambos descrevem fosse o fenômeno natural que querem fazer crer. Mas a história (não a "história da corte") nos diz tudo que precisamos saber sobre como exatamente este colapso aconteceu. Para começo de conversa, não foi nada natural. A caminho já há bastante tempo, por quase três quartos de século, o Marxismo-Leninismo estava em guerra contra o Ocidente, seu quadro principal de pessoal em Moscou e outras capitais comunistas, seus oficiais e soldados rasos em todo lugar, especialmente nas capitais não-comunistas. Essa guerra foi travada por verdadeiros exércitos da polícia secreta soviética e redes militares, completas com controladores, agentes de influência, "parceiros de viagem" pró-comunistas e idiotas, que, em meio a sua mais convencional espionagem militar, diplomática e industrial, tomaram conta, ocuparam e também colonizaram vastas faixas do pensamento ocidental, algumas das quais bastante hospitaleiras. Lembram-se de "corroer por dentro"?* Michta e Brooks não se lembram.
Acontece que um dos mais brilhantes golpes comunistas foi fazer com que os agentes de subversão desaparecessem da memória coletiva. Isso explicaria sua ausência nos relatos de Michta e Brooks? Este último parece não perceber que cometeu o perfeito lapso leninista ao lamentar a passagem interrompida dos ideais ocidentais de uma geração à seguinte como uma quebra na "correia de transmissão" – o nome dado por Lênin para o mecanismo que os bolcheviques usam para transmitir a linha do partido às "massas".
Esses indicadores mostram que a conquista marxista do Ocidente se tornou, na verdade, invisível. É como se as faculdades e universidades em toda esta nação que "venceu" a Guerra Fria, por exemplo, tenham automaticamente se tornado postos avançados de Marx; a "perda de fé" veio em seguida. Lembre-se (ou melhor, não) do que o chefe do Comintern, Georgi Dimitrov, supostamente disse: "Um professor de universidade que, sem ser membro do partido, dá seu apoio aos interesses da União Soviética, tem mais valor do que cem homens com carteiras do partido." Enquanto isso, segundo detalhadas e metódicas investigações federais e estaduais da metade do século passado – todas completamente esquecidas/descartadas – houve vários comunistas de carteira secretamente "bolchevizando" as salas de aula e os laboratórios americanos décadas antes que os "anos 60" sequer tivessem começado. Segundo a mitologia (história falsa), os anos 60 deram supostamente início ao desenlace espontâneo do Ocidente. A mesma espécie de sabedoria convencional diz que é destino manifesto que a medicina americana terminará sendo controlada pelo Estado.
Michta se anima ao perceber "o despertar da política de identidade de grupo"; como também "as narrativas de elite substituindo orgulho por vergonha"; contudo, não vê conexões históricas entre as divisões incitadas ou as campanhas de desmoralização e as estratégias comunistas de longo alcance.
É como se uma coisa não levasse e não pudesse levar à outra. A saber: "Após décadas da proverbial 'longa marcha' de Gramsci pelas instituições educacionais e culturais", escreve Michta, "as sociedades ocidentais mudaram em formas que tornam a mobilização ao redor de uma idéia comum de nação cada vez mais problemática." Verdadeiro, embora oblíquo. Apesar disso, o decano conclui que o colapso resultante é "auto-induzido."
Há de fato um tempo em que o colapso, a perda de fé e todo o resto são "auto-induzidos"; autoperpetuados, certamente – quando a podridão ideológica é sistêmica. Há muito já passamos deste estado de crise. Agora, o ponto de entrada e o curso da doença estão simplesmente esquecidos.
Então, outra vez, eu penso que eles e eu estamos falando de duas noções completamente diferentes do "Ocidente" em perigo".
(Diana West, Which Way Is “West”?)

*N. do T.: A expressão "corroer por dentro" ("bore from within") significa juntar-se a um partido oposto ou a um grupo que defende uma visão política a que você se opõe, com a intenção de subvertê-los ou convertê-los à sua opinião. A expressão foi usada em um manifesto do Partido dos Trabalhadores da América em 1921.