terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A influência do Cabalismo no surgimento do mundo moderno


“A idéia de que a Bíblia não pode ser entendida sem a mediação dos rabinos do Judaísmo – sem explicação talmúdica, ou, no caso do Cabalismo, sem a intervenção da numerologia gemátrica – faz do Antigo e em alguns casos até do Novo Testamento refém das “tradições dos sábios”.
A perniciosa falácia da religião do Judaísmo, de que não se pode realmente conhecer a Bíblia sem comentário e interpretação dos rabinos talmúdicos e cabalistas e suas tradições, está se espalhando entre os “cristãos”, proporcionalmente ao crescente prestígio do Judaísmo dentro da Cristandade. A aceitação desse erro mortal efetivamente permite que os inimigos da Bíblia mantenham os ensinamentos de Jesus longe do povo comum para quem Ele tinha originalmente pregado.
Ao invés, os rabinos, por meio de seus representantes na Igreja, moldam e redirecionam o dogma “cristão” baseados nas interpretações da Bíblia pelos fariseus da antiguidade, que são posteriormente “explicadas” pelos modernos pronunciamentos rabínicos através dos filtros dos mais recentes seminários teológicos universitários e dos sínodos e concílios da Igreja, que agem como seus porta-vozes.
Esse processo é também instigado por supostos ex-adeptos do Judaísmo que alegadamente se converteram ao Cristianismo e no entanto trazem sua bagagem talmudista e cabalística consigo para dentro da Igreja, e procuram batizar suas tradições (“Judaísmo Messiânico”) e apresentá-las aos cristãos como o “verdadeiro” Cristianismo “praticado por Jesus” que foi escondido do povo como parte de uma conspiração de cruéis anti-semitas e inquisidores medievais.
Na Renascença, o Cripto-Judaísmo formava a parte central do cinturão ocultista de transmissão que deu origem à Maçonaria e ao Rosacrucianismo, cujos fundadores professavam uma “Cabala cristã” e realizavam seus rituais mágicos em nome de Jesus Cristo.
Há uma literatura substancial sobre esse amálgama ocultista, incluindo os estudos clássicos de Frances A. Yates, O Iluminismo Rosacruciano (1972) e A Filosofia Oculta na Era Elisabetana (1979).
A grande atração da Cabala para os nascentes maçons e rosacrucianos estava na doutrina judaica, tal como descrita pelo maçom do Rito Escocês Albert Pike em sua obra Moral e Dogma, do “aperfeiçoamento” do universo através da intervenção do poder intelectual humano.
Segundo tal conceito, a criação de Deus é imperfeita e o “judeu” e seu assistente, o maçom (um judeu “incompleto” simbolizado pelo compasso e esquadro maçônico, que é um hexagrama incompleto, i.e “Estrela de Davi”), aperfeiçoarão essa criação defeituosa.
Isso está dito no Talmude e na Cabala. No Talmude aparece no Sanhedrin 65b: “O Rabino Hanina e o Rabino Oshaia passaram toda a noite do Sabbath estudando o ‘Livro da Criação’ por meio do qual conseguiram criar um bezerro com um terço do tamanho normal e o comeram.”
O “Livro da Criação” referido no Sanhedrin 65b é o mesmo livro de magia cabalística chamado Sefer Yetzirah, que discutimos anteriormente. O Sefer Yetzirah é o manual essencial de taumaturgia do Judaísmo para os homens que brincam de Deus.
As notas à passagem talmúdica do Sanhedrin 65b na edição de Soncino afirmam que o ato mágico dos rabinos de criar o bezerro “não cai sob a proibição de bruxaria, (porque) a Criação foi conseguida por meio do poder inerente às combinações místicas do Nome Divino.”
Embora essa referência talmúdica à criação rabínica de vida seja obscura, outro ato rabínico de criação usando combinações cabalísticas das letras do “Nome Divino” é mais conhecida, quando não notória. Trata-se do golem, matéria morta que diz-se ter sido trazida à vida como um vingador assassino de gentios. A lenda cabalística conta que isso aconteceu na capital boêmia de Praga ao redor de 1586, através do poder do Rabino Judah Loew, por meio de um amuleto cabalístico que ele confeccionou contendo letras mágicas.
Esse folclore, ao qual ocultistas dentro e fora do Judaísmo têm atribuído extrema importância, é o conceito original de Frankenstein, que não parece mais tão exagerado no raiar do século 21 com sua clonagem de animais e seres humanos, sua mistura de genes de animais, seres humanos e insetos e o subsequente desenvolvimento de criaturas híbridas monstruosas para a maximização do lucro e sob o pretexto de encontrar “curas milagrosas” para várias enfermidades humanas.
O surgimento de uma cidade da morte obcecada com autópsias, cadáveres, tecidos fetais e outras matérias mortas, e com o homem brincando de Deus, foi previsto nas obras do matemático, agente secreto, astrólogo real e fundador da Maçonaria elisabetano, Dr. John Dee.
Dee foi um dedicado cabalista. Residiu por muitos anos em Praga no ápice dos supostos ritos golêmicos do Rabino Judah Loew e colaborou com ele em prol de sua própria pesquisa maçônica e na sua condição de agente da rede de espionagem encabeçada por Sir Francis Walsingham e Sir William Cecil, este último ministro de estado da Rainha Elizabeth I.
No dia 27 de junho de 1589, em Bremen, na Alemanha, Dee foi visitado pelo Dr. Henricus Khunrath de Hamburgo. Dee foi uma influência maior na extraordinária obra ocultista e simbólica de Khunrath, “O Anfiteatro da Sabedoria Eterna”, uma gravura com uma miríade de símbolos crípticos e ocultistas nela impressos.
“A gravura é uma expressão visual do tipo de panorama que Dee resumiu em seu Monas hieroglyphica, uma combinação de disciplinas cabalísticas, alquímicas e matemáticas através das quais o adepto podia alcançar... uma profunda compreensão da natureza...
“Ela podia também servir como uma expressão visual dos temas principais dos manifestos rosacrucianos, Magia, Cabala e Alquimia unidas em uma perspectiva intensamente religiosa que incluía uma abordagem religiosa de todas as ciências numéricas.”
Dee é o primeiro cientista na história ocidental que pode ser definitivamente associado a uma práxis satânica baseada na Cabala.
A filosofia cabalística foi transmitida pelo Rabino Judah Loew a Dee e de Dee para cientistas, matemáticos e teólogos de vanguarda por meio de uma sociedade secreta, os rosacrucianos, que no início do século 17 misturaram terminologia protestante com louvor à Cabala.
A fraternidade rosacruciana estava sob a proteção e patrocínio de certos poderosos aristocratas e governantes, incluindo o Eleitor Palatino, Frederico V, Rei da Boêmia, então líder da União Protestante.
Esse protestantismo boêmio “... era expressão de um movimento religioso que foi ganhando força por muitos anos, fomentado por influências secretas movendo-se pela Europa, um movimento direcionado à resolução de problemas religiosos seguindo linhas místicas sugeridas por influências herméticas e cabalísticas.”
O interesse pelo Rosacrucianismo neste sentido era duplo. Foi fabricado para persuadir protestantes devotamente evangélicos quanto à divindade do Judaísmo tal como se manifesta na Cabala, e para convencer cientistas e intelectuais quanto ao potencial da Cabala como chave para a divindade do homem e “aperfeiçoamento” da criação divina pela intervenção do poder intelectual humano.
Por exemplo, o manifesto rosacruciano de 1614, Fama, associa a Cabala a homens “imbuídos de grande sabedoria”, que “renovam e reduzem todas as artes à perfeição para que o homem possa assim entender sua própria nobreza e quão longe seu conhecimento se estende na Natureza.”
O manifesto conta que da “Magia e Cabala” o mestre dos rosacrucianos “faz bom uso.”
Neste contexto, o papel do Dr. Dee foi essencial:
“O manifesto rosacruciano de 1615, Confessio, foi publicado junto com um tratado em latim chamado ‘Breve Consideração de Uma Mais Secreta Filosofia’.
“Essa ‘Breve Consideração’ está baseada no Monas hieroglyphica de John Dee, sendo que muito de seu texto é formado com citações exatas do Monas. Deste modo, torna-se evidente que a ‘mais secreta filosofia’ por trás dos manifestos era a filosofia de John Dee... o movimento rosacruciano na Alemanha foi o resultado tardio da Missão de Dee na Boêmia 20 anos antes...”
E que era essa filosofia secreta?
Era a inconfundível doutrina rabínica, expressa em textos cabalísticos como tikkun olan (“conserto do mundo”) nos quais o homem judeu (ou judaizado) assume poderes divinos para “corrigir” uma Criação “imperfeita” e “defeituosa”.
Aqui também está a contradição central dessa doutrina, pois ela quase sempre se anuncia a seus expectadores Novus Ordo e judaico-cristãos como um meio para se adquirir saúde, harmonia, tranquilidade, equilíbrio e felicidade.
No entanto, quando as doutrinas mágicas do Cabalismo alcançaram a hegemonia ideológica no século 18, produzindo a chamada “Época das Luzes”, elas produziram não o caminho para renovação da terra e retorno ao Éden, mas a imposição e reino dos “moinhos satânicos” da revolução industrial e uma antevisão do subjugamento da humanidade a uma elite esotérica por meio de vigilância e controle mecânicos.
O processo dialético engendrado pela imersão na ideologia judaica de redenção do mundo produziu uma inversão cataclísmica, uma “profunda ironia” despercebida pela maioria dos historiadores da ciência moderna. A suposta filosofia cabalística de “harmonia” esposada por ocultistas gentios judaizados da Renascença, tais como Pico, Reuchlin, Giorgio e Dee, levou à imposição da tirania do racionalismo e do materialismo, que Frances Yates chama de mudança momentosa da magia para o mecanismo:
“É uma das mais profundas ironias da história do pensamento que o desenvolvimento da ciência mecânica, por meio da qual surgiu a idéia do mecanismo como uma filosofia possível da natureza, foi ele mesmo resultado da tradição mágica da Renascença. O mecanismo despojado de mágica tornou-se a filosofia que viria a eliminar o animismo renascentista e substituir o ‘conjurador’ pelo filósofo mecânico.”
Em outras palavras, uma vez estabelecido o princípio da religião do Judaísmo tal como aparece na Cabala, do poder divino e orgulhoso do homem e seu altivo “direito” de mexer na Criação Divina, o cientificismo começou a emergir como um sistema de pensamento e ação livre das restrições tradicionais e do temor a Deus, e os aspectos místicos da filosofia foram descartados, deixando que o orgulho satânico se juntasse à habilidade tecnológica.”
(Michael A. Hoffman II, Judaism’s Strange Gods)